Uma alternativa ao Brainstorming
- Alessandra Corrêa
- 6 de mar.
- 3 min de leitura

A criação de alternativas é uma etapa muito importante dos processos decisórios e um dos métodos mais conhecidos e usados para isso é o brainstorming. Mas o que fazer quando o brainstorming não está rendendo? Quando o time já debateu tanto o assunto que as ideias que surgem são todas parecidas? Ou quando, simplesmente, as pessoas estão travadas, pouco inspiradas?
O diretor executivo do Centro de Liderança do MIT (MIT Leadership Center), Hal Gregersen, criou uma solução para essa questão: um brainstorming de perguntas, que ele chama de “Question Burst” (“Enxurrada de Perguntas” em tradução livre). A ideia é reacender o debate com as novas perspectivas que as perguntas trazem para o mesmo problema.
Esse método possui algumas vantagens além do ganho de novos pontos de vista para analisar o problema. Uma delas é que quando estamos fazendo perguntas, nos desviamos com mais facilidade dos vieses cognitivos. Um segundo ponto positivo é que ao ser utilizado em diferentes situações, o método nos ajuda a desenvolver formas de pensar mais criativas. Uma terceira vantagem é que é um formato em que as pessoas se sentem menos ameaçadas, mais à vontade. Também criamos o hábito de entender melhor o problema antes de criar soluções.
O método consiste em etapas:
1. Depois de ter escolhido e definido um problema para resolver, convide algumas pessoas para te ajudar a entender a questão por novas perspectivas. Idealmente, convide também pessoas que não têm experiência com o assunto e que não estejam diretamente envolvidas com o desafio em questão.
Ao apresentar o desafio, não entre em muitos detalhes e não compartilhe seu ponto de vista, assim você evita de direcionar as perguntas. Procure demonstrar as vantagens de ter aquela questão resolvida.
Antes de começar a sessão, deixe claro que só perguntas são permitidas. Não vale responder as perguntas dos outros e nem sugerir soluções para o problema. As perguntas devem ser diretas e sem preâmbulos.
2. Coloque um timer e peça para as pessoas fazerem o máximo de perguntas possível. O autor sugere 4 minutos.
A restrição de tempo é importante, porque ajuda as pessoas a:
· Não se autocensurarem e simplesmente “despejar” as perguntas,
· Serem diretas e objetivas na formulação das perguntas,
· Seguirem a regra de somente sugerirem perguntas, sem preâmbulos, sem explicações, sem sugestões de soluções e sem responder as perguntas dos outros.
Assim como em uma sessão de brainstorming tradicional, não é hora de criticar ou analisar as perguntas. Apenas de anotá-las sendo fiel às palavras da pessoa que formulou a pergunta.
Nessa etapa o importante é a quantidade de perguntas feitas, tente chegar a pelo menos 15 perguntas.
Ao anotar as perguntas, você pode e deve adicionar suas próprias perguntas à lista que está sendo criada. Isso poderá te mostrar padrões que você estava repetindo sem perceber.
Depois de terminados os 4 minutos, você pode:
· Fazer uma segunda rodada,
· Voltar para uma nova rodada no dia seguinte,
· Fazer uma outra rodada com um grupo de pessoas diferente.
3. Analise as perguntas que surgiram. Que perguntas sugerem uma nova direção para a questão levantada? Em 80% dos casos, pelo menos uma pergunta vai oferecer uma nova perspectiva útil para a solução do problema.
Selecione as perguntas que você considera interessantes, desafiadoras, intrigantes. Tente expandir as linhas de raciocínio trazidas por essas perguntas fazendo mais perguntas relacionadas a elas. Por que essa pergunta te intrigou? Por que isso é importante para a solução da questão?
4. Por fim, tente seguir o caminho sugerido por uma das perguntas que te levaram a novas direções. Crie um plano de ação de curto prazo com ações você pode, pessoalmente, realizar para encontrar soluções para seu problema com base nas perguntas selecionadas. Um plano de ação pode ajudar a entender melhor o problema e abrir novos caminhos.
Esse método funciona melhor em organizações que valorizam a criatividade e debates criativos. Em ambientes em que as pessoas se sintam seguras para buscar a verdade e caminhos novos.
Se você é líder, vale o aviso: as pessoas com maior probabilidade de não seguir as regras do método são os líderes ou pessoas com alto nível de expertise na área.
É importante dar um retorno para as pessoas que participaram do processo, para tornar as sessões de perguntas um hábito e desenvolver uma cultura de busca por soluções inovadoras e criativas.
Por Alessandra Corrêa
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